sábado, outubro 31, 2009

Lula diz que Venezuela fortalece o Mercosul




Caracas (Venezuela) - O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse há pouco, em Caracas, que a aprovação pelo Senado do protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul tem a importância de fortalecer o bloco econômico. Lula considerou que o processo de discussão no Senado serviu para que os senadores amadurecessem.

“Estamos aqui [na Venezuela] em um momento especial pois o Senado aprovou a entrada da Venezuela no Mercosul. Ainda falta uma etapa, mas o processo de discussão serviu para que os senadores amadurecessem e hoje a grande maioria tem a consciência dessa importância”.

Lula também disse o Mercosul será um bloco muito mais forte quando todos os países das América do Sul estiverem integrados ao bloco.

“Espero que um dia todos os países da América do Sul estejam no Mercosul. Assim ele se tornará maior e mais forte, politicamente e economicamente mais importante”. Disse Lula ao inaugurar o Consulado Geral do Brasil em Caracas e o escritório de representação da Caixa Econômica Federal na capital da venezuelana.

Luciana Lima
www.votebrasil.com

Tenho minhas dùvidas
 
 A muito se diz que Hugo Chaves é importante para a atualidade. É importante porque mostra como uma ditadura pode se disfarçar de Democracia, enganando toda a população. Mais do isso, o Governo Chaves mostra claramente o autoritarismo compartilhado entre o Executivo e o Judiciário, assim como a quebra do velho princípio da divisão de poderes de Montesquieu.

Não só na Venezuela, mas também aqui no Brasil, os princípios democráticos tem sido, ardilosamente, desvirtuado e empregados para o mal, contra os interesses da coletividade. Isso tem sido feito, escandalosamente, pelo executivo, sob a chancela do Judiciário e do Legislativo.

Na Venezuela Hugo Chaves, sob a acusação de golpismo, violou a liberdade de expressão e de imprensa. Fechou uma emissora de TV. Se a RCTV era golpista, o Governo deveria alertar a população desse fato, assim como mostrar as provas do acontecimento. Jamais o Governo poderia fechar a emissora, pois não se pode proteger a Democracia violando outros princípios Democráticos. Lembrem que a Suprema Corte da Venezuela deu razão a Chaves, inclusive mandou a emissora entregar os seus equipamentos de transmissão para o Governo.

O povo aceita e tolera as decisões judiciais pressupondo que elas são justas e que foram tomadas de acordo com a lei e a constituição. É justamente essa pressuposição que cega a coletividade. É justamente essa pressuposição que leva o judiciário a tomar decisões arbitrárias e autoritárias. Usam a confiança cega e a fé da coletividade para estabelecer a dominação e o controle. Assim, decisões injustas, ilegais e inconstitucionais são validadas, legitimadas e impostas à coletividade.

A clássica divisão e independência de poderes, apresentada por Montesquieu, tem sido quebrada sob o argumento de que para governar, o executivo necessita obter maioria no legislativo. Isso aconteceu na Venezuela. O Chaves obteve maioria no legislativo. Resultado: o legislativo passou a legislar para o Chaves. Ele pediu poderes ditatoriais e o legislativo deu. Ele pediu poderes ilimitados, o legislativo deu.
Além disso, temos que considerar que Chaves foi um contra ponto ao discurso de Bush quando Presendente. Apesar de serem parecidos nos métodos e nas ações, constituem modelos antagônicos que permite ao Brasil tirar vantagem de ambos os lados. Igual fez durante a Guerra Fria.

Enfim, chamo a atenção para o autoritarismo compartilhado, para o alinhamento entre o executivo, o judiciário e o legislativo, ou seja, para a quebra da independência entre os poderes. Os fundamentos da Democracia e a Constituição estão sendo desvirtuados e enterrados e o autoritarismo, disfarçadamente, está se instalando, tanto no discurso quanto na prática política. Preocupa-me as justificativas que estão sendo construídas para que a Constituição, as liberdades individuais e coletivas sejam violadas. O Estado está se fortalecendo contra a coletividade e contra os cidadãos. Nem tampouco irá aceitar as mudanças para país para seguir na democracia aberta.




sexta-feira, outubro 30, 2009

A MORTE SEGUNDO A ESCOLA FILOSOFICA FRANKFURT



Os agentes de Stálin entraram no quarto e não precisaram falar nada. O filósofo sabia que era o seu fim. Havia imaginado durante todo o dia que, de fato, poderia ter de vir a colocar fim à sua vida. Mas, não se pode dar tanta razão assim ao que parece ser um destino. Não haveria uma fada madrinha dos intelectuais? Alguém para salvá-los, em um último instante? Não seria interessante apostar uma ficha, ainda que de pouco valor, nessa idéia? Foi isso que o fez não morrer no começo daquela noite, por sua própria decisão, e então morrer na madrugada, pela decisão dos homens de Stálin. Esses homens cuidaram bem para que, na manhã seguinte, ninguém pudesse duvidar que Walter Benjamin havia cometido suicídio.
Foi assim que Benjamin morreu? Dizem que não.
Os homens da Gestapo estavam para pegar Benjamin. Sua idéia era sair da França não ocupada em direção à Espanha, e seguir para a América. Mas, em Port Bou, ele se deu conta de que não conseguiria ir mais adiante. Imaginando que iria ser mandado de volta e, então, cairia de vez nas mãos de Gestapo, Benjamin deu fim à própria vida. Nem por um momento pensou dar chance à fada madrinha dos intelectuais.
Foi assim que Benjamin morreu? Dizem que sim.
A partir daí, as perguntas que ficaram eram todas de ordem prática, em favor de algum ganho intelectual ou político. Onde estaria a valise que Benjamin carregava? Será mesmo que ele carregava alguma valise? Havia ou não manuscritos nela? Onde estariam? Caso houvesse, o que ele tinha escrito, o colocava mais como vítima de estalinistas do que de nazistas? Sempre quando o assunto é a morte de Benjamim, esse mistério todo chama a atenção. Adorno, Horkheimer e toda a Escola de Frankfurt nunca fizeram um gesto sequer noutra direção. Afinal, o que fariam? Quando um intelectual morre, o correto não é buscar os manuscritos, as cartas e, afinal, tudo aquilo que poderia ser tido como “o inédito”?
Alguém arriscaria escrever sobre Walter Benjamin com perguntas de outro tipo? Por exemplo, não seria interessante aplicar à morte de um frankfurtiano algo mais frankfurtiano?
Quando cheguei na garagem do hospital, vi o corpo do meu pai não ser retirado da ambulância para a maca, mas de ser posto num caixão. No trajeto da estrada, ele teve um segundo enfarto. Tentaram reavivá-lo com choque. Ele pareceu reagir, mas não conseguiu. Minha primeira pergunta para minha mãe, que havia estado com ele o tempo todo, foi a seguinte: “mãe, quando ele saiu de casa, já tendo tido o primeiro enfarto, ele sentiu que ia morrer ou não? Ele ficou apavorado, ele teve medo?” Só isso me interessava. Pois o que eu queria ouvir era simples. Queria que ela dissesse que não, que ele não se apavorou, não por coragem, e sim porque não sentiu a morte chegar, em nenhum momento. Pouco me interessava todo o resto. A única curiosidade que eu tinha, naquele momento, era a de saber se eu podia ou não ficar descansado, pois meu pai não teria visto a morte cara a cara. Ele não esperou por ela, não a viu, e quando ela veio, ele estava de costas. Só isso eu queria. Só isso podia me dar alguma coisa a mais naquele momento, e mesmo hoje, anos depois.
É uma pena que nenhum dos membros da Escola de Frankfurt, que eu saiba, tenha deixado de lidar com a morte segundo uma prática que eles mesmos chamariam de reificada. De que vale uma pasta com o maior texto do mundo? Só vale alguma coisa, depois que a vida se vai, quando se quer acreditar que o texto é maior que a vida. É claro que todos nós, intelectuais, ainda mais na condição de filósofos, podemos querer acreditar que a melhor homenagem que se pode prestar a um amigo morto é buscar seus escritos, publicá-los, manter seu pensamento vivo e respeitado. Todavia, não é justamente isto, um gesto que mostra que estamos reificados? Afinal, o texto, por mais brilhante que possa ser, por mais amor que aquele que o produziu tivesse nele, continua sendo ... um texto. Na maior parte das vezes, até pouco tempo, um pacote de papel. Uma arvore morta transformada no receptáculo dos pensamentos de um morto.
Pode-se, é claro, dizer o seguinte: mas não era isso que o amigo faria, caso a situação fosse inversa? Caso fosse você a vítima, o amigo que ficou no mundo não teria de se preocupar única e exclusivamente com os textos? Proteger o pensamento do morto, suas idéias, não seria este o melhor tributo? Todavia, o problema aqui é outro, caso se possa imaginar que deveríamos ficar no espírito verdadeiro da Escola de Frankfurt. O problema é o seguinte: será que temos de fazer do “tributo” algo maior que a vida ou, para ser mais exato, a perda dela?
O que quero dizer é que a única forma frankfurtiana de lidar com a morte de Benjamin é aquela maneira com que lidei – sem qualquer frankfurtianismo, é claro – com a morte do meu pai. Qual a pergunta mais importante sobre Benjamin? Só uma: será que Benjamin se apavorou? Suicídio ou não, tanto faz. O que quero perguntar é: ele se apavorou? Não quero a resposta para essa pergunta. Ao contrário da que fiz para minha mãe, esta pergunta não tem resposta. Nunca saberemos. Mas, colocá-la, é tudo que podemos fazer para sermos frankfurtianos diante de um frankfurtiano. Procurar papéis, pastas ou mesmo quem o matou é não entender que o que se foi é aquilo que não poderia ter ido, a vida. A vida de uma pessoa chamada Walter Benjamin que, afinal, não atravessou os Pirineus para turismo, viajou para fugir. Isto sim é o doloroso. Ou seja, Benjamin viajou para viver! E não viveu. A vida se foi. E o terrível nisso tudo é o que não pode ser abrandado, não deve ser abrandado, que é a pergunta: qual foi o seu desespero na hora da morte? Temos de apertar as mãos com força, massageando-as uma na outra e dizer: “ah, tomara que não, tomara que ele não tenha visto a morte cara a cara”.
Quando a morte pode ser tão facilmente tomada como ela é, ou seja, irreversível, para então, rapidamente, todos já poderem cuidar dos pertences de intelectuais do morto, há aí uma reificação. Há aí algo estranho. Algo do “mundo administrado” já dominando a todos. Os frankfurtianos não fizeram o luto de Benjamim. Nada mais esquisito do que o não luto.
Richard Rorty morreu em 2007. Ele tinha um tumor no cérebro. Era inoperável. Então, escreveu para mim agradecendo o que eu havia feito pelo pragmatismo no Brasil e os trabalhos em conjunto e coisas assim. Era uma despedida. Escreveu a todos os amigos. Creio que a cada um ele contou da doença de uma maneira um pouco diferente. Imagino isso porque Habermas acabou publicando o modo como foi informado da doença pelo próprio Dick. Além disso, Rorty fez um último texto, praticamente incitado por parentes, e nele confessou que, ao saber que não iria durar muito, o consolo que encontrou foi na poesia, como os que, enfim, o encontram na religião. Até chegou a comentar que ele deveria ter lido mais poesia. Mas, nós sabemos, por outros escritos, que ele não podia fazer isso, tendo sido filho de James Rorty, um célebre poeta. Demorei um pouco para falar da morte de Rorty e deste texto. Os familiares de Rorty, só agora, em 2009, refazem o site dele na Stanford University, e então colocam novas fotos, mais ou menos biográficas. Bem, o que eu quis dizer é que todos nós, de certa forma, fizemos luto por Rorty.
O luto é um tema que não pode fugir de quem vive a filosofia da Escola de Frankfurt. Do mesmo modo que notar as pequenas coisas, o que há de vivo e o que, enfim, é o superior ao valor, que é a vida, é algo bem frankfurtiano. Creio que agimos frankfurtianamente com Rorty. Simplesmente porque, com Rorty, agimos como tínhamos de agir. Ou melhor, agimos como uma filosofia pragmatista nos ensina: não se esquecer da morte como morte mesmo, de tudo que há de prático nela, de tudo que há de experiência naquele momento – e não deixar de passar pela experiência, não reificá-la. Não fazer missa ou venda de livros ou publicação de obituários teóricos e tudo o mais antes da hora. Respeitar a prática e viver, em grande medida, sob a praxe – fizemos isso, segundo o pragmatismo. Acabamos, então, agindo frankfurtianamente com Rorty.
Compreender que diante da morte de alguém o que há de se fazer é chorar, deveria ser uma lição filosófica. Outra lição filosófica, inclusive frankfurtiana, deveria ser esta: pensar os últimos momentos de alguém, poder saber que não foram de desespero, é a única preocupação que temos de ter. O resto é resto. O resto, por mais grandioso que possa aparecer depois, como produto cultural, não deixará de virar ... mercadoria.

© 2009 Paulo Ghiraldelli Jr., filósofo.

FILOSOFIA E HUMOR

A NATUREZA DO HUMOR



O que é o humor? O que nos faz rir no humor? Vários filósofos tentaram responder a estas perguntas. Deixo aqui apenas um esboço de cada uma das três principais teorias filosóficas sobre a natureza do humor: a teoria da superioridade, a teoria da incongruência e a teoria da libertação.

Antes disso, uma nota: há filósofos que, em bom rigor, não falam do humor, mas do riso, que são coisas diferentes. Talvez não haja humor sem riso, mas há certamente riso sem humor, o que significa que o riso talvez seja uma condição necessária do humor, mas não suficiente. Por exemplo, podemos rir de alegria porque nos saiu a lotaria, o que não descreveríamos como uma situação humorística. De qualquer modo, muito do que se possa dizer acerca do riso também é aplicável ao humor.

A teoria da superioridade é a mais antiga. Começa a ser delineada por Platão e Aristóteles, mas é a Hobbes que costuma ser associada. Hobbes defende que o humor consiste na expressão de superioridade em relação ao objecto do nosso riso. A ideia é que o humor elege sempre alguma vítima ou aponta para algum defeito alheio, como é o caso das anedotas sexistas e racistas. Um exemplo disso são as anedotas sobre alentejanos, como a seguinte:

Sabes quantas vezes um alentejano se ri de uma anedota? Três vezes: a primeira é quando lha contam, a segunda é quando lha explicam e a terceira é quando a compreende.

Mesmo quando o humor, como frequentemente acontece, funciona como uma espécie de denúncia social ou política, se está a exprimir alguma forma de superioridade moral, intelectual ou outra.

Há várias objecções a esta teoria. Uma das mais fortes é que, se a teoria fosse verdadeira, não faria sentido rirmo-nos de nós próprios. Mas há humor em que nos rimos de nós próprios ou do grupo a que pertencemos.

A teoria da incongruência, associada a Kant e a Schopenhauer, defende que o riso é a expressão de uma incongruência percepcionada por aquele que ri. Isto acontece, por exemplo, quando somos surpreendidos com alguma impossibilidade lógica que tomamos como natural; ou quando somos tentados por ideias irrelevantes; ou quando são geradas expectativas que conduzem a um impasse; ou quando somos persuadidos a aceitar o que aparentemente é inaceitável. Uma boa ilustração é a anedota, bem conhecida entre filósofos, do amante adepto da teoria comportamentalista (ou behaviourista, como também se diz):

Depois de ter acabado de ter relações sexuais com a sua namorada, o comportamentalista diz: tu gostaste, e eu?

Uma objecção a esta teoria é que há incongruências que não são percepcionadas como humorísticas. Assim, a incongruência só por si não explica porque razão certas histórias ou situações são humorísticas.

A terceira teoria, a da libertação de tensão, é desenvolvida pelo filósofo evolucionista Herbert Spencer e sobretudo por Freud. Eles defendem que o humor é um escape libertador de tensão. Para Freud, o humor tem uma função muito semelhante à dos sonhos: libertar instintos e desejos sexuais e agressivos socialmente reprovados e reprimidos. Assim, a tensão gerada pela repressão social desses instintos é simbolicamente libertada através das piadas e anedotas. Daí o facto de as anedotas de cariz sexual serem tão populares:

- Então o meu caro amigo o que faz na vida?
- Olhe, trabalho onde os outros se divertem.
- O quê, num parque de diversões?
- Não só num, mas em vários: sou ginecologista.

Freud admite que há outro tipo de piadas, que dependem apenas da técnica como são construídas ou apresentadas. Mas chama "inocentes" a essas piadas, prestando-lhes pouca atenção.

A teoria de Freud parece ser refutada pelos factos. De acordo com Freud, as pessoas que gastam mais energias a reprimir os seus instintos e desejos agressivos e sexuais seriam as que mais deviam rir com as anedotas. Contudo, há investigações empíricas que apontam precisamente no sentido contrário: as pessoas com uma educação mais austera e punitiva em termos sexuais não são os que mais sentido de humor costumam ter.

Será que há mesmo uma essência ou natureza do humor?

Publicado por Aires Almeida

quinta-feira, outubro 29, 2009

"Cultura Popular" A História de Um Povo. E Quem é o Seu Artista? É Voce.


A cultura popular aparece associada ao povo, às classes excluídas socialmente, às classes dominadas. A cultura popular não está ligada ao conhecimento científico, pelo contrário, ela diz a respeito ao conhecimento vulgar ou espontâneo, ao senso comum.
“A obra de arte popular constitui um tipo de linguagem por meio da qual o homem do povo expressa sua luta pela sobrevivência. Cada objeto é um momento de vida. Ele manifesta o testemunho de algum acontecimento, a denúncia de alguma injustiça” (AGUILAR, Nelson (org). Mostra do Redescobrimento: arte popular. In: BEUQUE, Jacques Van de. Arte Popular Brasileira, p. 71). O artista popular não está preocupado em colocar suas obras expostas em lugares prestigiados.
Nesse sentido, o mais importante na arte popular não é o objeto produzido, e sim o próprio artista, o homem do povo, do meio rural ou das periferias das grandes cidades. Por isso também a arte popular é sempre contemporânea a seu tempo. Por exemplo, a arte popular do século XVIII (as cantigas, poemas e estórias registradas pelos estudiosos) é bem diferente de outras formas de arte popular hoje, como o rap, o hip hop e o grafitti, que acontecem nas periferias dos grandes centros urbanos como São Paulo. O rap e o hip hop aparecem associados quase especificamente à população negra, excluída socialmente.
A cultura popular é conservadora e inovadora ao mesmo tempo no sentido em que é ligada à tradição, mas incorpora novos elementos culturais. Muitas vezes a incorporação de elementos modernos pela cultura popular (como materiais como plástico por exemplo) a transformação de algumas festas tradicionais em espetáculos para turistas (como o carnaval) ou a comercialização de produtos da arte popular são, na verdade, modos de preservar a cultura popular a qualquer custo e de seus produtores terem um alcance maior do que o pequeno grupo de que fazem parte.
O artista popular tira sua “inspiração” de acontecimentos locais rotineiros, a arte popular é regional. Por isso a arte popular se encontra mais afetada pela cultura de massas que atinge a todas as regiões igualmente e procura homogeneizá-las culturalmente do que a erudita.

O produtor de cultura popular e o de cultura erudita podem ter a mesma sofisticação, mas na sociedade não possuem o mesmo status social - a cultura erudita é a que é legitimada e transmitida pelas escolas e outras instituições. É importante ressaltar que os produtores da cultura popular não têm consciência de que o que fazem têm um ou outro nome e os produtores de cultura erudita têm consciência de que o que fazem tem essa denominação e é assunto de discussões, mesmo porque os intelectuais que discutem esses conceitos fazem parte dessa elite, são os agentes da cultura erudita que estudam e pesquisam sobre a cultura popular e chegam a essas definições.
A cultura popular é o universo da vida real do homem do povo, e sua expressão e sua criação não busca o espetáculo, busca uma saida manifestada visão do mundo que o cerca.

Marcilio Reginaldo

terça-feira, outubro 27, 2009

O Mito de Narciso



Quando Narciso nasceu, sua mãe, uma ninfa belíssima, consultou o adivinho Tirésias para saber se aquele filho de extraordinária beleza viveria até o fim de uma longa velhice. Pareceram sem sentido as suas palavras:
— Sim, se ele não chegar a se conhecer.
Narciso cresceu sempre formoso. Jovem, muitas moças e ninfas queriam o seu amor, mas o rapaz desprezava a todas.
Um dia, Narciso caçava na floresta quando a ninfa Eco o viu. Eco, por causa de uma punição que Hera lhe infligira, só era capaz de usar da voz para repetir os sons das palavras dos outros. Ao se deparar com a beleza de Narciso, a ninfa se apaixonou por ele e se pôs a segui-lo. Quando resolveu manifestar o seu amor, abraçando-o, Narciso a repeliu.
Desprezada e envergonhada, Eco se escondeu nos bosques com o rosto coberto de folhagens. O amor não correspondido a foi consumindo pouco a pouco, até que, depois de reduzida à pele e osso, seu corpo se dissipou nos ares. Restou-lhe, apenas, a voz e os ossos, que, segundo dizem, tomaram a forma de pedras.
Um dia, uma das muitas jovens desprezadas por Narciso, erguendo as mãos para o céu, disse:
— Que Narciso ame também com a mesma intensidade sem poder possuir a pessoa amada! Nêmesis, a divindade punidora do crime e das más ações, escutou esse pedido e o satisfez.
Havia uma fonte límpida, de águas prateadas e cristalinas, de que jamais homem, animal ou pássaro algum se tinham aproximado. Narciso, cansado pelo esforço da caça, foi descansar por ali. Ao se inclinar para beber da água da fonte, viu, de repente, sua imagem refletida na água e encantou-se com a visão.
Fascinado, quedou imóvel como uma estátua, contemplando seus próprios olhos, seus cabelos dignos de Dioniso ou Apolo, suas faces lisas, seu pescoço de marfim, a beleza de seus lábios e o rubor que cobria de vermelho o rosto de neve. Apaixonou-se por si mesmo, sem saber que aquela imagem era a sua, refletida no espelho das águas.
Nada conseguia arrancar Narciso da contemplação, nem fome, nem sede, nem sono.
Várias vezes lançou os braços dentro da água para tentar inutilmente reter com um abraço aquele ser encantador. Chegou a derramar lágrimas, que iam turvar a imagem refletida. Desesperado e quase sem forças, foram estas suas últimas palavras:
— Ah! Menino amado por mim inutilmente!
Adeus!
O lugar em que estava fez ecoar o que dissera. E quando proferiu “Adeus!”, Eco também disse:
“Adeus!”.
Em seguida, esgotado, Narciso se deitou sobre a relva, e a Noite veio fechar seus olhos. Diz-se que, nos Infernos, Narciso continua a contemplar sua imagem refletida nas águas do rio Estige.
As ninfas, juntamente com Eco, choraram tristemente pela morte de Narciso. Já preparavam para o seu corpo uma pira quando notaram que desaparecera. No seu lugar, havia apenas uma flor amarela, com pétalas brancas no centro.


Deixo aqui algumas indagações.


Quem tinha maior nacisimo, sua mãe ou Narciso?
Qual o perigo de conhermos a nós mesmos?
Até que ponto o espelho diz a verdade sobre nós?
Porquê é preciso ouvir os que estão a nossa volta?
Quem é nemesis a dividade punidora, será a nossa conciência de quem somos às vezes refem?
O tempo também afligia Nasciso por ter se conhecido, pois sabia que iria envelhecer?
O Narcisismo se aplica somente a beleza fisica?


Temos uma palavra de cunho filisófico, porém sabemos que voces têem algumas da vida cotidiana. Faça também suas indagações filosóficas e envie para nós.


Marcilio Reginaldo

segunda-feira, outubro 26, 2009

AÇÃO DE CIDADANIA DO PROGRAMA PROJOVEM ADOLESCENTE



A Prefeitura de Apodi através da Secretaria Municipal de Assistência Social juntamente com o Programa Projovem Adolescente estarão promovendo uma ação de cidadania para os jovens do programa e suas famílias. A ação será realizada no dia 29 de outubro de 2009, das 8:00 ás 15:00 na sede do Programa localizada a Rua Ademar Leão da Silveira (onde funcionou o CAPS).



Na abertura do evento haverá uma apresentação cultural com os jovens do Programa, em seguia serão ofertados serviços de embelezamento pessoal: corte, escova, manicure e sobrancelha; serviços na área da saúde: consultas com a nutricionista, aferição de pressão, palestras educativas sobre saúde bucal, doenças sexualmente transmissíveis, distribuição de kits de saúde bucal e preservativos.


A ação de cidadania é uma das ações orientadas e planejadas com o envolvimento dos jovens do programa como atividade do ciclo da Participação Cidadã, no qual os adolescentes terão que desenvolver ações com a comunidade. Além desta ação com os jovens e suas famílias até o final do ano, serão realizadas mais duas, uma na Baixa do CAIC e outra no Bico Torto. Estas atividades têm como finalidade estimular os adolescentes a exercerem a cidadania ativa, colocando o conhecimento adquirido durante os dois anos do programa a serviço da comunidade. Diz Coordenadora do programa a Assistente Social Kenia Ferreira


Marcilio Reginaldo

domingo, outubro 25, 2009

COMPREENDENDO O QUE É CIDADANIA.

Nunca se comentou tanto sobre cidadania, em nossa cidade, com nos últimos dias. Mas afinal, o que é cidadania?

Segundo o Dicionário Aurélio Buarque, "cidadania é a qualidade ou estado do cidadão", entende-se por cidadão "o sujeito no gozo dos direitos civis e políticos de um estado, ou no desempenho de seus deveres para com este".
No sentido etimológico da palavra, cidadão deriva da palavra latim civita, que significa cidade, e que tem seu amparo grego na palavra politikos - aquele que habita na cidade.
No sentido grego do termo, cidadania é o direito da pessoa em participar das decisões nos destinos da Cidade através da Ekklesia (reunião dos chamados de dentro para fora) na Ágora (praça pública, onde se agonizava para deliberar sobre decisões de comum acordo). Dentro desta concepção surge a democracia grega, onde somente poucos da população determinava os destinos de toda a Cidade (eram excluídos os escravos, mulheres e artesãos).
Há muita confusão entre o Direito do Cidadão e o Direito da Consumidor, por isso questiono o aspecto ideológico desta confusão intencional.
Apresentaremos uma percepção pessoal sobre como se processa a evolução do Ser Humano até o Ser Cidadão.
O Ser Humano. É aquele que está na dimensão do convivio social. É neste ponto que o homem torna-se ser hummano, nas relações de convivio sociais. Quem estuda o comportamento do Ser Humano? Seria a antropologia, a história, ou a sociologia? Quem garante os direitos do Ser Humano? A Declaração Universal dos Direitos Humanos. Existe realmente uma natureza humana? Teologicamente, afirmamos que existe a uma natureza humana. Seguindo a corrente existencialista (J.P. Sartre) negamos tal natureza.
O Ser Indivíduo. A dimensão do mercado de trabalho e Consumo. O Ser Humano tornar-se indivíduo quando descobre seu papel e função social. Quem estuda o comportamento do indivíduo ? Seria a Filosofia, a sociologia ou a Psicologia? Quem garante os Direitos do Consumidor? O Código do Consumidor. Que diferença existe entre o direito do consumidor e o direito do cidadão? Ao Consumidor deve ser dado o direito de propriedade enquanto ao cidadão deve ser dado o direito de acesso.
O Ser Pessoa A Dimensão de encontrar-se no mundo O Indivíduo torna-se pessoa quanto toma consciência de si mesmo, do outro e do mundo. Quem estuda o comportamento da pessoa? Seria a Filosofia, a sociologia ou a Psicologia? Quem garante os Direitos da pessoa? A própria pessoa (amor próprio ou auto-estima) O que significa tornar-se pessoa no nível psicológico e social? A pessoa é o indivíduo que toma consciência de si mesmo ("Tornar-se Pessoa" Hegel)
O Ser Cidadão A dimensão de intervir na realidade A pessoa torna-se cidadão quando intervém na realidade em que vive Quem estuda o comportamento do cidadão ? Seria a Sociologia, a Filosofia ou As ciências políticas? Quem garante os Direitos do cidadão? (A Constituição e suas leis regulamentares) Como podemos intervir na realidade, modificando as estruturas corruptas e injustas? Quando os direitos do cidadão lhe são oferecidos, e o mesmo passa a exercê-lo, há modificação de comportamento.
O Direito do consumidor é direito de propriedade e o Direito do cidadão é Direito de Acesso. O que o povo brasileiro necessita é do direito de acesso e não leis que garantam a uma minoria suas grandes e ricas propriedades.
Um dos grandes problemas, além da impunidade e a corrupção endêmicas, é a má distribuição de renda, onde "muitos têm poucos e poucos têm muito".


Professor Marcilio Reginaldo de Sousa - Professor de Filosofia. Licenciado em Filosofia pela Universidade Estadual do Rio Grande do Norte; Pós-graduando em Etica e Filosofia Politica pela UERN.