terça-feira, novembro 10, 2009

DETERMINISMO

O QUE É DETERMINISMO

O princípio da ciência segundo o qual "as mesmas causas produzem os mesmos efeitos". A ideia de determinismo é a de uma ordem imutável e constante nas relações entre os fenômenos. Se solto uma pedra, elà cai no chão; postulo o determinismo quando passo de casos particulares para a lei universal e eterna da queda dos corpos. Distinguem-se duas concepções do determinismo: 1.° Aquela constância existe na natureza, o determinismo é ontológico (na realidade); 2.° Aquela constância é um postulado de nosso espírito, um princípio metodológico. Num e noutro caso, o determinismo é provado quando o espírito humano pode prever com certeza. Em microfísica fala-se de indeterminismo (Heisenberg) quando a previsão não pode ser feita sobre um fenômeno (um elétron, por exemplo), mas apenas sobre um grupo de fenômenos (um feixe de elétrons): trata-se com efeito de um determinismo estatístico. Heisenberg mostra além disso a impossibilidade de se conhecer ao mesmo tempo a velocidade e a direção de um elétron. O que se pode compreender verificando que o raio luminoso que nos permite observar e determinar a posição de um elétron constitui ele próprio um feixe de elétrons que se choca com o elétron observado e o desloca. É a ligação entre o observador e o observado, a alteração introduzida pela observação no fenômeno observado, o que define o "indeterminismo". É preciso assinalar que não existe qualquer relação entre o problema científico do determinismo e o problema meta-físico-teológico da liberdade humana (ligada ao problema da predestinação ): porque se supomos que a natureza está submetida ao determinismo, tal hipótese concorda tanto com o determinismo quanto com o indeterminismo (na medida em que não conhecemos toda a natureza e vemos, portanto, contingência onde ela não existe); o indeterminismo exprime então a limitação de nosso conhecimento. Por outro lado, se supomos que a natureza não está submetida ao determinismo, esta hipótese concordará também tanto com o indeterminismo quanto com o determinismo, que se apresentará como um efeito estatístico, um produto de nosso conhecimento. Permanece pois impossível a resolução do problema metafísico do determinismo a partir da física moderna; e é desonesto apoiar-se sobre a micro-física para tirar conclusões a favor ou contra a liberdade humana. [Larousse]


É a doutrina oposta ao indeterminismo, segundo a qual todas as direções de nossa vontade são univocamente determinadas pela constelação dos motivos influentes e da momentânea, consciente e inconsciente, situação psíquica. Muitas vezes, ela estriba numa falsa compreensão da doutrina indeterminista da liberdade da vontade, como se esta designasse uma potência endereçada a querer sem causa nem motivo (indeterminismo exagerado). Comumente, o determinismo apela, antes de tudo, paru a lei de causalidade, não se limita porém a concebê-la como exigindo uma causa suficiente para todo efeito (única forma em que apresenta o caráter de lei universal e necessária do pensamento) (princípio de causalidade), mas pretende ver nela que todo efeito deve estar univocamente predeterminado em sua causa total (o que não está demonstrado que se aplica a todo o domínio do real) (lei de causalidade).

Procedendo mais empiricamente, o determinismo interpreta a consciência da liberdade como um juízo errôneo, oriundo do desconhecimento dos móbiles inconscientes (tendências determinantes). Desconhece também que não consideramos como "livremente queridas", por lhes desconhecermos a causa-ção, mas sim como "enigmáticas", vivências que estribam em processos inconscientes de complexos, como p. ex., inspirações científicas e artísticas, falhas de memória, etc. Uma ulterior fundamentação empírica do determinismo alude ao fato de que, conhecendo bem o caráter, os hábitos, as inclinações e as situações motivais, podemos predizer as decisões da vontade, de outros homens, bem como invoca a regularidade, assinalada pela estatística moral, de muitas ações "livres", regularidade essa que trai uma lei operante. Não obstante, estas alusões mostram apenas que não há querer isento de motivos e que os homens, via de regra, seguem de bom grado suas inclinações e caráter e evitam conflitos com aquelas e com este; contudo tais argumentos não dirimem a questão de saber se esta evitação de conflitos é necessária ou livre. O determinismo procura salvar os conceitos de responsabilidade, castigo, etc. (liberdade da vontade), destituídos de sentido caso se suprima a liberdade, afirmando que precisamente considera responsável e punível o "caráter" do homem culpado (com o que, não haveria distinção entre este e o psicopata) e interpretando o castigo como recurso meramente intimidativo, ou seja, como meio para proteger a sociedade contra o homem a-social (o que anularia a dignidade da personalidade ética e converteria o homem em mero ser de adestramento). — Consequentes com as bases de seus sistemas, são deterministas o materialismo e o monismo, o panteísmo, o positivismo, o empirismo e todos os matizes do pragmatismo, bem como o racionalismo estreme e o estreme biologismo. — Do ponto de vista da filosofia natural, entende-se por determinismo a doutrina da determinação unívoca de todos os acontecimentos naturais. VIDE lei de causalidade, relação de indeterminação — Acerca do determinismo econômico, Marxismo. — Willwoll. [Brugger]

Costuma definir-se o determinismo como a doutrina segundo a qual todos e cada um dos acontecimentos do universo estão submetidos às leis naturais. Estas leis são de caráter causal. Com efeito, se fossem de caráter teleológico não teríamos o determinismo, mas uma doutrina diferente - doutrinas tais como as do destino e da predestinação, que foram aplicadas às almas e não aos acontecimentos naturais. Bergson afirmou que um determinismo estrito e um teleologismo estrito têm as mesmas consequências: ambos afirmam que há um encadeamento rigoroso de todos os fenômenos e, portanto, nem numa doutrina nem na outra pode afirmar-se a existência da criação e da liberdade. Embora a observação de Bergson seja em parte verdadeira, note-se que o termo determinismo se usa mais propriamente em relação com causas eficientes do que em relação com causas finais. Além disso, as doutrinas deterministas modernas, às quais nos referiremos aqui principalmente, estão ligadas a uma concepção mecanicista do universo, a tal ponto que, por vezes, se identificaram determinismo e mecanicismo. Caraterístico do determinismo moderno é aquilo a que pode chamar-se o seu universalismo; uma doutrina determinista costuma referir-se a todos os acontecimentos do universo. A relação entre determinismo e mecanicismo pode então compreender-se melhor, pois o determinismo se aplica mais facilmente à realidade enquanto concebida mecanicisticamente.


A doutrina determinista não é susceptível de prova; tão pouco o é a doutrina oposta ao determinismo, por cuja razão o determinismo é considerado habitualmente como uma hipótese.
Alguns pensam que se trata de uma hipótese metafísica; outros, de uma hipótese científica.


Certos autores declaram que, embora a doutrina determinista não possa provar-se, isso se deve ao caráter finito da mente humana e à impossibilidade de ter em conta todos os fatores ou, melhor dizendo, estados do universo.


A doutrina determinista pode admitir-se com o aplicável a todos os acontecimentos do universo ou, então, pode admitir-se como aplicável só a uma parte da realidade. Kant, por exemplo, afirmava o determinismo em relação ao mundo dos fenômenos, mas não em relação ao mundo numênico da liberdade.


Muitas das dificuldades apresentadas pela doutrina determinista obedecem a uma análise insuficiente do que se entende pelo termo determinismo. Regra geral, deram-se deste termo definições demasiado gerais. Quando examinamos com mais pormenor e rigor de que modo se entende uma doutrina determinista e dentro de um contexto bem especificado, concluímos que é pouco razoável falar, sem mais, de determinismo e de anti=determinismo universais e, naturalmente, de “determinismo geral”. Muitas das doutrinas qualificadas de deterministas são o resultado de transferir para “a realidade”(ou “a natureza”) o modo como se entendeu a estrutura da mecânica clássica. [Ferrater]

Fonte: filoinfo

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