domingo, novembro 15, 2009

Empirismo



EMPIRISMO

Empirismo, ou filosofia da experiência, é a corrente filosófica que considera a experiência como fonte única do conhecimento (fonte do conhecimento). O empirismo ignora que a experiência só é possível na pressuposição de condições não experimentáveis. O empirismo propõe-se, de modo especial, explicar os conceitos e juízos universais mediante a pura experiência. Sem dúvida, "todo nosso conhecimento começa com a experiência" e por ela é, de qualquer maneira, condicionado. Mas não se pode admitir que nossos conhecimentos se restrinjam ao domínio da mera experiência. Nem sequer pode ser derivado da experiência o princípio: "todo conhecimento proveniente da experiência é verdadeiro"; menos ainda o axioma básico do empirismo: "só a experiência garante o conhecimento verdadeiro". — O empirismo deve renunciar igualmente a explicar os conceitos universais. As representações sensoriais comuns ou esquemas não bastam para explicá-los, porque tais esquemas não podem como predicados, ser atribuídos de modo idêntico a muitos objetos reais. O conceito lógico de "homem" é rigorosamente uno, ao passo que seu esquema sensorial admite diversas formas. Por isso, tampouco esses esquemas podem desempenhar o papel de sujeito ou predicado em juízos universais. Por sua vez, precisam eles de uma norma, para serem produzidos e conhecidos como esquemas, e essa norma é o conceito lógico. Nem basta apelar para representações acessórios sensoriais subconscientes, porque o conceito universal é representação consciente e clara. Não se nega que o conceito possivelmente se revista de esquema sensível e seja acompanhado de representações acessórias sensíveis; mas este processo pressupõe o conceito lógico. — O empirismo confunde, outrossim, a relação intelectiva sujeito-predicado com a associação cega. O empirismo tenta fundamentar a validade dos juízos universais a partir da indução. Mas a indução tem pressuposições (a lei de uniformidade da natureza) que não podem ser fundamentadas pela mera experiência. — A rejeição da metafísica como conhecimento que transcende a experiência desconhece que a própria experiência é condicionada por princípios transempíricos, de sorte que em todo verdadeiro conhecimento ela é implicitamente ultrapassada.

Precursor do empirismo moderno foi o nominalismo da baixa e alta Idade Média. Bacon de Vendam (+ 1626) formula, em termos claros e inequívocos, no "Novum Organum" os princípios do empirismo e arvora a indução em método único da ciência. Esta doutrina foi ulteriormente ampliada na direção do sensismo de J. Locke (+ 1709) e do positivismo de Condillac (+ 1780). Também o neopositivismo é um rebento do empirismo. Kant admite, sem dúvida, que a experiência só é possível graças a funções não experienciais do espírito, mas, por não haver analisado profundamente estas funções, circunscreve a validade objetiva delas, de acordo com os princípios do empirismo. — VIDE racionalismo. — Santeler. [Brugger]

Com este nome designa-se uma doutrina filosófica e em particular gnoseológica segundo a qual o conhecimento se funda na experiência. Costuma contrapor-se o empirismo ao racionalismo, para o qual o conhecimento se funda, pelo menos em grande parte na razão. Contrapõe-se também ao inatismo, segundo o qual o espírito, a alma, e, em geral, o chamado “sujeito cognoscente” possui ideias inatas, isto é, anteriores a toda a aquisição de dados. Para os empiristas, o sujeito cognoscente é semelhante a uma tábua rasa onde se inscrevem as impressões procedentes do mundo exterior. Pode-se dizer que, em geral, há três tipos de empirismo: o psicológico, o gnoseológico e o metafísico. Para o primeiro, o conhecimento tem integralmente a sua origem na experiência; o segundo defende que a validade de todo o conhecimento radica na experiência; o último afirma que a própria realidade é empírica, isto é, que não há outra realidade para além da que é acessível à experiência e em particular à experiência sensível.

Neste artigo restringir-se-á o termo empirismo ao chamado empirismo moderno e especialmente ao empirismo inglês, representado por Francis Bacon, Hobbes, Locke, Berkeley e Hume. Costuma-se opor este empirismo ao racionalismo continental (especialmente o de Descartes, Malebranche, Espinosa, Leibniz), embora sem grande pretexto, pois há autores empiristas, como Locke, que revelam uma forte componente racionalista.

Comum a todos os empiristas ingleses é a concepção do espírito ou sujeito cognoscente como um receptáculo no qual ingressam os dados do mundo exterior transmitidos pelos sentidos mediante a percepção. Os dados que ingressam nesse receptáculo são as chamadas (por Locke e Berkeley) ideias, que Hume denomina sensações. Essas ideias ou sensações constituem a base de todo o conhecimento. Mas o conhecimento não se reduz a elas. com efeito, se o conhecimento fosse assim consistiria numa série desconexa de dados meramente presentes. É mister que as ideias ou sensações se acumulem, por assim dizer, no espírito, de onde acorrem, ou melhor, de onde “são chamadas” para se ligarem a outras percepções. Graças a isso, torna-se possível executar operações como recordar, pensar, etc. - a menos que sejam estas operações as que tornam possível o recorrer às ideias ou sensações depositadas -; em todo o caso, é necessário que esta segunda fase do processo cognitivo para que o conhecimento seja propriamente esse e não mera presença de percepções continuamente mutáveis. A relação entre a primeira e a segunda fase do processo cognitivo é paralela à relação entre as ideias ou sensações primitivas e as ideias ou sensações ditas “complexas”, sem as quais não poderia haver noções de objetos compostos de várias ideias elementares, isto é, de objetos (que se supõem ser substâncias) com qualidades. Com efeito, a formação dos objetos compostos não segue a ordem na qual foram obrigatoriamente dadas as impressões primárias, mas outras ordens diferentes que, além disso, sempre têm de ser confirmadas mediante o recurso à experiência primeira. Acima destes processos encontra-se o processo chamado reflexão, mediante o qual se torna possível o reconhecimento de conceitos e, em geral, de algo universal. Isto não significa que o universal seja aceite como propriamente real. Os autores que são, ao mesmo tempo, empiristas e nominalistas manifestam especialmente uma grande desconfiança para com tudo o que aparece como abstrato e, relativamente a este tema, estabelecem-se grandes diferenças entre os autores empiristas. Também diferem os empirismos no que respeita à diferença dos processos de inferência e àquilo a que Hume chamou relações de ideias. A admissão de uma diferença básica entre os fatos e as ideias, como propõe Hume (para o qual as ideias, no sentido de relações de ideias, são meras possibilidades de combinação) não é o único tipo de empirismo existente, mas é um dos formulados com maior precisão e que exerceu maior influência. Grande parte das tendências empiristas contemporâneas, inclusive o positivismo lógico, seguiram, neste aspecto, o empirismo de Hume.

Nos empiristas atrás mencionados, é caraterístico aquilo a que chamamos “empirismo psicológico”, a que dão um alcance gnoseológico. Contra isto se rebelou Kant. No princípio da Crítica da Razão Pura, Kant declara que, embora todo o conhecimento comece com a experiência, nem todo o conhecimento procede de a experiência. Isto quer dizer que a origem do conhecimento reside (psicologicamente) na experiência, mas a validade do conhecimento reside (gnoseologicamente) fora da experiência. Assim, nem todo o conhecimento é, para Kant, a posteriori; constitui-se por meio do a priori. Para os empiristas ingleses, especialmente para Hume, o a posteriori é sintético e o a priori é analítico. Para Kant existe a possibilidade de juízos sintéticos a priori (na matemática e na física). [Ferrater]

conjunto dos processos empíricos. (É nessa acepção que se fala dos "tateamentos do empirismo".) — A palavra designa também uma doutrina (desenvolvida por Locke e Hume) segundo a qual todo o conhecimento deriva da experiência. O empirismo opõe-se ao "racionalismo" e à teoria das ideias inatas (Descartes). [Larousse]

Fonte: filoinfo

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