segunda-feira, novembro 16, 2009

ESTOICISMO


Roma foi um centro do Estoicismo

Doutrina panteísta e materialista que nasceu no fim do século IV a.C. com Zenão de Citium e se desenvolveu até o fim do século III a.C. — Distingue-se: 1.° o antigo estoicismo (Zenão, Cleantes, Crisipo), que foi principalmente uma teoria do universo e uma lógica: definia a sabedoria como o "saber das questões divinas e humanas" (Sextus Empiricus), isto é, como o conhecimento das leis que regem todo o universo — e não somente a conduta dos homens; 2.° o médio estoicismo (Panétio, Posidônio); 3.° o novo estoicismo (Epicteto, Séneca, Marco Aurélio), que é sobretudo uma moral no esforço e na intenção do bem; a sabedoria define-se então como a "posse de uma arte proveitosa: a posse da virtude". Vê-se que a evolução do estoicismo se fêz no sentido da passagem de uma "física" (identificada à teologia) de caráter panteísta a uma "moral" de caráter rigorista. — A lógica do antigo estoicismo apresenta-se como a primeira teoria profunda da linguagem humana; a teoria dos "incorpóreos" (sobre esse tema, pode-se ler a Lógica estoica de O. Hamelin; sobre o estoicismo em seu conjunto, os capítulos que a ele concernem na História da filosofia de Ueberwegs.) (V. histórico.) [Larousse]

Designa-se assim a doutrina de uma escola filosófica greco-romana, que vai do ano 300 a. C. até ao ano 200 d. C, tendo tomado o nome do pórtico (stoa) de Atenas, que era utilizado como local de reunião. E costume distinguir o estoicismo antigo (Zenão, Oleantes, Crisipo), o estoicismo médio (Panécio, Posidonio) e o estoicismo tardio ou posterior (Sêneca, Epicteto, Marco Aurélio). O estoicismo congrega doutrinas de antigos filósofos com ideias de Platão e de Aristóteles, é portador de um novo ethos e de um novo modo de pensar, que repercute especialmente na ética. Das três partes da filosofia: lógica, física, ética, cabe a esta última o posto mais elevado. O ideal é o sábio, que vive conforme à natureza, domina os afetos, suporta serenamente o sofrimento e se contenta com a virtude como fonte única de felicidade (eudaimonia). Nas questões de ordem metafísica, o estoicismo professa geralmente, e de maneira preponderante, um panteísmo materialista. Deus é uma espécie de alma do mundo; contém em si os germes ou forças seminais (logoi spermatikoi) de toda evolução, de sorte que a totalidade do acontecer aparece regido por um plano e como efeito da providência; contudo, a liberdade é excluída (fatalismo). O estoicismo é não tanto uma filosofia de grandes linhas sistemáticas, quanto uma corrente, uma orientação de intenso matiz vital; pretende, como sucedâneo da religião, proporcionar ao homem educação e amparo para a alma. Condiciona também a consideração pormenorizada das virtudes particulares e a atitude pedagogicamente exortativa adotada pelos estoicos em seus escritos. São características as doutrinas da igualdade dos homens e um certo cosmopolitismo. Os Padres da Igreja cristã aceitaram muitas ideias e distinções estóicas, mas eliminando delas o orgulho moralista da virtude e a apreciação demasiado negativa dos afetos. — Schuster [Brugger]

Em antagonismo à escola epicúrea, surge a Estóica, que toma dos cínicos o conceito da filosofia como exercício e estudo da virtude. Zeno de Cítio, Cleanto de Asos, Crisipo de Soles, Sêneca, Marco Aurélio, Epitecto são nomes dos mais famosos estoicos.

Aceitavam um materialismo dinâmico, mas o princípio ativo era identificado com o fogo de Heráclito e com o éter de Aristóteles, que invade todas as coisas com sua tensão e seu calor, que é, como Heráclito pensava, o Logos (v. logos), a razão universal, a razão de todas as coisas. Por isso são também panteístas. Aceitavam uma inexorável necessidade (fatalidade) e, consequentemente, uma lei de finalidade (providência), porque tudo é orientado racionalmente. Assim Deus é a ordem universal, fatal e providencial. O mal é necessário para que exista o bem: a injustiça, necessária para que exista justiça. Não há verdade sem a falsidade. A liberdade individual é um momento da fatalidade universal. O fim ideal do indivíduo é a criação e a conservação de uma harmonia de vida, que é conformidade com sua natureza interior, enquanto é conformidade com a natureza universal. O domínio da razão, que é o Logos universal, deve impedir as perturbações dos impulsos irracionais, as paixões. É a virtude o ideal do sábio, e ela consiste na extirpação das paixões (apatia) e na imperturbabilidade (ataraxia).

Todas as paixões são vícios porque são erros e enfermidades da alma. Assim repelem os impulsos comumente condenados, como a ira, o temor, a avidez, a cupidez, etc, como também os julgados louváveis, como a piedade, as aflições por calamidade pública, a compaixão, etc.

Não se pode dizer que os estoicos fossem egoístas, no mau sentido, por se desinteressarem com as calamidades públicas. Mas a sua visão do mundo, leva-os a compreender que um mal particular podia ser um bem no conjunto universal. Além disso, pregavam eles a indiferença, para com o sofrimento próprio, uma atitude tal, que o termo estoicismo alcançou, no vocabulário popular, um sentido de serena superioridade ante o sofrimento. O cristianismo, que sobrevém depois, não é estoico, pois a caridade passa a ser a grande virtude. No entanto, com Zeno, no seu cosmopolitismo, que prega um vínculo universal entre os homens, encontramos um ponto de aproximação com o cristianismo. [MFS]

Nenhum comentário: